A análise de indicadores é o processo pelo qual um empresário, investidor ou analista avalia os principais pontos e múltiplos do balanço financeiro. Isso faz parte de um processo importantíssimo no momento de avaliar a saúde financeira e perspectivas de uma empresa, a fim de retratar mais claramente quais são os pontos fortes e fracos de uma empresa.

Existem diversos tipos de KPIs que fornecem uma série de informações que podem estar encaixadas em categorias. Dentre alguns deles, podemos citar:

  • Indicadores de produtividade: que podem estar relacionados à produtividade hora/colaborador, hora/máquina. Ou seja, estão ligados ao uso dos recursos da empresa com relação às entregas.
  • Indicadores de qualidade: andam juntos com os indicadores de produtividade, pois ajudam a entender qualquer desvio ou não conformidade que ocorreu durante o processo produtivo. Um exemplo de indicador de qualidade pode ser considerado o nível de avarias, onde a quantidade de avarias ocorridas durante um período é comparada com o nível de aceitação estabelecido.
  • Indicadores de capacidade: eles medem a capacidade de resposta de um processo. Podemos citar como indicadores de capacidade a quantidade de produtos que uma máquina consegue embalar durante um determinado período.
  • Indicadores estratégicos: eles auxiliam na orientação de como a empresa se encontra com relação aos objetivos que foram estabelecidos anteriormente. Eles indicam e fornecem um comparativo de como está o cenário atual da empresa com relação ao que deveria ser.

A análise mais profunda de indicadores permite estudar os âmbitos operacionais e financeiros da empresa. Neste artigo, vamos focar nesses segmentos, com a exposição de indicadores de liquidez, gestão, lucratividade e valor de mercado.

Indicadores de liquidez de curto prazo:

Os indicadores de solvência de curto prazo são um grupo destinado a fornecer informações sobre a liquidez de uma empresa. A principal preocupação aqui é a capacidade da empresa de pagar suas contas de curto prazo. Consequentemente, esses indicadores se concentram no ativo e no passivo circulantes. Esse grupo de indicadores de liquidez são particularmente interessantes para os credores de curto prazo. A compreensão desses indicadores é fundamental, pois os gestores financeiros lidam constantemente com bancos e outros provedores de financiamentos de curto prazo.

Uma vantagem de considerar o ativo e o passivo circulantes é que seus valores contábeis e de mercado são provavelmente semelhantes. Com frequência o ativo e o passivo simplesmente não sobrevivem tempo suficiente para que fiquem seriamente desalinhados com seus valores de mercado. Por outro lado, o ativo e o passivo circulantes podem variar rapidamente, de modo que os montantes de hoje podem não ser um guia confiável para o futuro.

– Índice de liquidez corrente: Um dos indicadores mais conhecidos e usados é o índice de liquidez corrente. O índice de liquidez corrente, assim como qualquer índice, é afetado por diversos tipos de transações. Por exemplo, suponha que uma empresa faça um empréstimo de longo prazo para levantar capital. O efeito de curto prazo seria um aumento do caixa com os resultados da emissão e um aumento do passivo não circulante. O passivo circulante não seria afetado e, portanto, o índice de liquidez corrente aumentaria.

Índice de liquidez corrente = Passivo circulante ÷ Corrente ativo circulante

Para um credor especialmente um de curto prazo (como um fornecedor), quanto maior o índice de liquidez corrente melhor. Para a empresa, um índice de liquidez corrente alto indica liquidez, mas também pode indicar um uso ineficiente do caixa e de outros ativos de curto prazo.

Se não houver circunstância extraordinária, esperaríamos ver um índice de liquidez corrente de pelo menos 1, porque, se for menor do que 1, significa que o capital circulante líquido (ativo circulante menos passivo circulante) é negativo.

– Índice de liquidez imediata (ou liquidez seca): Em geral, o estoque é o ativo circulante menos líquido. Ele também é o que tem valores contábeis menos confiáveis como medidas do valor de mercado, porque a qualidade do estoque não é considerada. Parte do estoque pode ser danificada, tornar-se obsoleta ou se perder com o tempo. Estoques relativamente grandes quase sempre são um sinal de problemas no curto prazo. A empresa pode ter superestimado as vendas ou comprado, ou produzido, em excesso. Nesses casos, ela terá uma parte substancial de sua liquidez presa em estoques de movimentação lenta.

Para avaliar melhor a liquidez, o índice de liquidez imediata, ou liquidez seca, é calculado

como o índice de liquidez corrente, mas o estoque é omitido:

Índice de liquidez imediata = (Ativo Circulante – Estoque) ÷ Passivo Circulante

A analise desse índice muitas vezes não é feita pelo empresário, mas é de extrema importância. Os credores, ao emprestar dinheiro no curto prazo, consideram que estes recursos serão pagos através de conversão de ativos e não geração de caixa. Qual a diferença? Vamos a um exemplo: Uma empresa compra R$ 100,00 de mercadoria e vende por R$ 150,00. Estes R$ 150,00 entrarão como contas a receber e os R$ 100,00 como fornecedores. Ou seja, o que pagara os fornecedores é o contas a receber e não o lucro bruto de R$ 50,00. Levando isto em consideração, a analise profunda do contas a receber e estoque é crucial.

Medidas de gestão de ativos ou de giro

Se destinam a descrever a eficiência ou a intensidade com que uma empresa utiliza seus ativos para gerar vendas.

Fazem parte desse grupo os indicadores: giro de contas a receber, estoque, prazo médio de recebimento e pagamento, entre outros. Nossas medidas de estoque indicam a rapidez com que podemos vender mercadorias. Agora veremos a rapidez com que recebemos por essas vendas.

O giro das contas a receber é definido da mesma forma que o giro do estoque:

Giro do estoque = Custo das mercadorias vendidas ÷ Estoque

Giro de contas a receber = Vendas ÷ Contas a receber

Prazo médio de recebimento (PMR) = 365 (dias) ÷ Giro de contas a receber

Indicadores de giro do ativo  

Saindo da parte de contas específicas, como estoque ou contas a receber, podemos considerar vários indicadores “abrangentes”. Por exemplo, o giro do capital circulante líquido (CCL) é:

CCL= Ativo Circulante – Passivo Circulante

Giro do CCL = Vendas ÷ CCL

Os índices a seguir estão mais relacionados com a visão de Longo Prazo. Acima comentamos que as dividas de curto prazo são pagas com conversão de ativos, já as de Longo Prazo são pagas com geração de caixa. No nosso exemplo, seriam os R$ 50,00 de lucro. Desta forma, os índices a seguir devem ser acompanhados para um entendimento da sustentabilidade da empresa.

Medidas de lucratividade

Uma margem líquida relativamente alta é desejável. Essa situação corresponde a índices baixos de despesas em relação às vendas. Entretanto, acrescentamos que nem sempre os outros fatores são iguais. Por exemplo, a diminuição de nosso preço de venda, em geral, aumentará o volume unitário, mas fará as margens de lucro diminuírem. O lucro total (ou, mais importante, o fluxo de caixa operacional) pode aumentar ou diminuir.

Margem líquida = Lucro líquido ÷ Vendas

– Retorno sobre o ativo: O retorno sobre o ativo (Return on Assets – ROA) é uma medida do lucro por real em ativos. Ele pode ser definido como:

ROA = Lucro líquido ÷ Ativo total

– Retorno sobre o patrimônio líquido:  O retorno sobre o patrimônio líquido (Return On Equity – ROE) é uma medida de como foi o ano para os acionistas. O ROE é a verdadeira medida do desempenho do lucro para os acionistas. Em geral, o ROE é medido assim:

ROE = Lucro líquido ÷ Total do patrimônio líquido

Indicadores de liquidez de longo prazo 

Os indicadores de solvência de longo prazo destinam-se a abordar a capacidade da empresa cumprir suas obrigações de longo prazo ou, de modo geral, sua alavancagem financeira. Eles também são chamados de índices de alavancagem financeira ou simplesmente índices de alavancagem.

– Índice de endividamento total: Mostra o quanto que as dívidas representam do ativo. Leva em conta todas as dívidas, todos os vencimentos e todos os credores. Ele pode ser definido como:

Índice de endividamento total = Ativo total – Patrimônio líquido total ÷ Ativo total

Outro indicador de solvência de longo prazo é:

– Índice dívida/capital próprio = Dívida total ÷ Total do patrimônio líquido. Uma derivação do Índice de endividamento total. Também Reflete quantas vezes o endividamento total representa do patrimônio líquido.

-Índice de cobertura de juros: Outra medida comum da solvência de longo prazo é o índice de cobertura de juros (ICJ). Para esse índice também existem várias definições possíveis, mas ficaremos com a mais tradicional:

Índice de cobertura de juros = Lajir ÷ Juros.

Como o nome sugere, esse indicador mede quão bem uma empresa poderá cumprir com suas obrigações de pagamento de juros. 

Medidas de valor de mercado

Nosso último grupo de medidas se baseia, em parte, em uma informação que não está necessariamente contida nas demonstrações contábeis e notas explicativas (o preço de mercado da ação). Obviamente, essas medidas só podem ser calculadas para as empresas de capital aberto:

O índice P/L mede o quanto os investidores estão dispostos a pagar por real de lucro corrente, os P/Ls mais altos quase sempre significam que a empresa tem perspectivas significativas de crescimento. Obviamente, se uma empresa tiver nenhum ou quase nenhum lucro, seu P/L provavelmente será muito grande, de forma que é preciso ter cuidado ao interpretar esse indicador.

LPA = Lucro líquido ÷ Ações em circulação

Índice preço/lucro – o índice (ou múltiplo) preço/lucro (P/L), é definida assim:

Índice P/L = Preço por ação ÷ Lucro por ação

Índice preço/vendas Em alguns casos, as empresas apresentarão prejuízo por períodos extensos e, assim, os seus índices P/L não terão muito sentido. Um bom exemplo é o de empresas iniciantes. Normalmente, essas empresas têm alguma receita, de forma que os analistas vão observar o índice preço/vendas:

Índice preço/vendas = Preço por ação ÷ Vendas por ação

É fundamental o acompanhamento desses indicadores para análises financeiras e operacionais ao longo do ano, tomada de decisões e planejamento estratégico das empresas.