Antes do COVID, o setor varejo restrito (varejo total, excluindo automóveis e materiais de construção) correspondia a aproximadamente 8% do PIB nacional. O e-commerce brasileiro representou cerca de 3% das vendas do varejo restrito. Em 2018 o e-commerce cresceu 12% e faturou 53,2 bilhões, segundo levantamento feito pelo Ebit/Nielsen. Foram registrados 58 milhões de consumidores online (27% da população brasileira) o que representa um crescimento de 6% em relação ao ano anterior. Em 2019, o crescimento do setor foi de 14%, com um faturamento de R$ 75 bilhões e 10,7 milhões de novos consumidores online (Euromonitor).

As vendas via dispositivos móveis, também conhecido como m-commerce, representaram 42,8% de todos os pedidos do e-commerce do Brasil em janeiro de 2019. Enquanto o e-commerce total cresceu 12% em 2018, o m-commerce cresceu 41% no mesmo período. Ao todo, em 2019 o m-commerce cresceu 18% e atingiu um faturamento de R$ 31 bilhões. As vendas de m-commerce ultrapassaram as vendas via desktop a partir de novembro de 2019 (Euromonitor).

Após o anúncio do primeiro caso da COVID-19 no Brasil, foi observado um crescimento maior do que a média em relação aos novos consumidores do e-commerce brasileiro, ou seja, aqueles que realizaram pela primeira vez uma compra online.

Pressionado pela contingência do isolamento imposto pelo vírus e pela cautela derivada da preocupação com a proximidade física, do lado da demanda, os consumidores ampliaram suas compras e optam pelos canais digitais. Quem já era usuário habitual comprou mais, e quem não era descobriu suas vantagens de comodidade e conveniência, mesmo que num primeiro momento os sistemas tenham enfrentado problemas.

Além do aumento expressivo das vendas de produtos de higiene e saúde, outras categorias ligadas ao momento de quarentena de grande parte da população brasileira no primeiro trimestre da pandemia também apresentaram crescimento nas vendas como: Artigos para Casa, Eletrodomésticos, Suplementos, Esporte e Lazer; Móveis e Alimentos. Nota-se que o consumo de produtos de higiene e limpeza foram em grande parte responsáveis pela redução do ticket médio das vendas neste período, uma vez que o custo unitário deles é baixo e tornou-se relevante no dia-dia do consumidor.

Outro fator que destoa das tendências observadas anteriormente é a redução do valor do frete, mesmo em meio ao aumento significativo do número de compras. O preço médio do serviço teve redução de aproximadamente 6% em relação ao mesmo período de 2019, totalizando R$ 21,06.

As vendas pela internet no Brasil cresceram 71% nos 90 dias iniciais da pandemia no país, chegando a R$ 27,3 bilhões, segundo levantamento do Compre&Confie. Com o movimento, o comércio eletrônico chegou a uma participação de 7,2% do varejo, acima dos 6% que representa, tradicionalmente. O avanço está relacionado ao maior número de compras realizadas no período avaliado — de 24 de fevereiro a 24 de maio: ao todo, foram 68,9 milhões pedidos, um aumento de 82,1% na comparação com o mesmo intervalo de tempo em 2019.

O cenário do COVID pressiona as empresas a modificarem suas estruturas de negócio e torná-las mais versáteis para o consumo online. Pode-se observar uma tendência nas empresas como: descentralizar centros de distribuição; utilizar lojas físicas para atender o e-commerce; lojas offline migrando para o online com o impulso dos aplicativos de entrega e o crescimento nos investimentos em sites e plataformas de vendas de forma a melhorar a experiência de compra do consumidor. Dessa forma, a pandemia trouxe oportunidade de renda para pequenas e medias empresas na medida que foi necessário antecipar o desenvolvimento das plataformas digitais para acompanhar a demanda da população no período de quarentena. Acreditamos que o rápido avanço do e-commerce é sustentável para os próximos períodos.